- Con profunda alegría, les compartimos la Carta Compromiso de Manaus para el FOSPA de abril próximo en Tarapoto, es un gran aliento para todos y todas quienes estamos en el proceso del Foro ver que se afirman el compromiso y la movilización. Vamos al llamado del bosque!
PRÉ-FÓRUM SOCIAL PANAMAZÔNICO CARTA COMPROMISSO MANAUS “Vamos ao chamado da floresta”
NÓS, povos da floresta e das águas, povos indígenas, populações tradicionais e povos de terreiro, movimento negro, movimento indígena, movimentos de mulheres e feministas, movimento de lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais, reunidos e reunidas nos dias 11 e 12 de novembro de 2016 no Parque do Mindu no Pré Fórum Manaus do VIII Fórum Social Panamazônico, afirmamos e reafirmamos nossa diversidade e nossa luta coletiva por relações de respeito com a Mãe Terra e entre nós e contra os projetos do grande capital nacional e transnacional de destruição da Panamazônia. Repudiamos o golpe de Estado em andamento no Brasil que está interligado às tendências globais de conservadorismo machista, racista e xenófobo e ao capitalismo financeiro internacional e defendemos o Bem-Viver contra as tentativas de naturalização da desigualdade e de financeirização da natureza!
Vivemos um momento crítico da história da Natureza. As condições de vida de milhares de pessoas estão se precarizando e sob permanente ameaça. Muitos sucumbem nas travessias e na defesa da terra, do direito de morar, comer, de ir e vir. A violência avança e faz vítimas de todas as idades atingindo, principalmente, os mais pobres.
Não iremos nos calar diante dessa violência e da violência provocada pelos grandes projetos que afligem os povos e destroem a natureza na Amazônia. Protegeremos nossos parentes, povos e terras dos nossos ancestrais! Lutamos e lutaremos, arduamente para combater os problemas que nos assolam e assolam as pessoas ao nosso redor. Lutaremos pela manutenção de nossos direitos conquistados com longas jornadas de luta, contra a PEC 55 – que congela as verbas públicas; contra a PEC 215 – que retira da Constituição Federal todos os direitos territoriais conquistados pelos povos indígenas; contra os projetos de lei de “Escola Sem Partido” a chamada “lei da mordaça”; contra a transformação do ensino médio num modelo de formação tecnicista a serviço do mercado e contra todas as PECs e leis que dizem NÃO aos nossos direitos! Nenhum direito a menos!
Nós dizemos não à neo-colonização! Buscaremos uma cultura de descolonização, garantindo o bem-viver nosso, dos nossos parentes, dos nossos povos, da nossa Amazônia e do nosso planeta! Dizemos não ao saque mineral poluidor das águas, das florestas e do Planeta, a expansão rural do agronegócio, ao latifúndio, aos monocultivos extensivos e aos agrotóxicos! Não à invasão, destruição, deflorestação dos territórios amazônicos!
Rejeitamos as religiões com práticas fundamentalistas, proseletistas e doutrinadoras, que não reconhecem e afrontam as nossas identidades, religiões e culturas. Rejeitamos também, as políticas integracionistas que não respeitam nossa vontade, nossa diversidade e os planos de vida alternativos ao modelo desenvolvimentista hegemônico.
Expressamos nossa indignação frente a criminalização dos movimentos sociais. Inspiramo-nos nas lutas de mulheres e homens que doaram suas vidas em prol da justiça, dos direitos humanos e dos direitos da natureza.
Lutaremos pela garantia dos territórios dos povos indígenas, quilombolas e das comunidades tradicionais, pela continuidade e garantia de seus projetos de vida e pela preservação dos bens culturais e dos bens da floresta.
Continuaremos valorizando as práticas inspiradas em nossos ancestrais tendo como base a sabedoria dos nossos povos e comunidades e sua longa história de convivência com a Amazônia, apesar da hegemonia do modelo capitalista, desenvolvimentista, de acumulação, que agride sistematicamente nosso jeito de ser e viver e tenta mercantilizar todas as nossas relações.
Valorizamos também a diversidade de línguas e formas de expressão, tão características da Pan – Amazônia, na construção de novas relações entre os seres humanos e a natureza.
Convidamos todos e todas ao nosso redor a ouvir o clamor da floresta! A nossa resistência é a autoafirmação de nossa identidade e diversidade.
Nos rituais dos povos indígena e negro, na partilha do caxiri na cuia dos encontros, nas danças com e entre as árvores do Mindu revigoramos nossa espiritualidade e nossa luta comum e nos comprometemos a:
- Criar um espaço permanente para o fortalecimento da articulação entre os movimentos indígenas, de comunidades tradicionais, negros e afroamazônicos, de moradia, de mulheres, LGBT, e de outros movimentos populares do campo e na cidade.
- Lutar com os povos e comunidades da Amazônia pela garantia de seus direitos territoriais valorizando seus saberes, conhecimentos e práticas de manejo e uso coletivo das terras e águas.
- Valorizar as alternativas que promovem a vida, como a agricultura familiar orgânica, a produção de alimentos sem uso de agrotóxicos, a segurança alimentar, a produção de sementes crioulas, o consumo de alimentos não industrializados, a medicina natural e as diversas espiritualidades.
- Agir permanentemente, através de processos de formação e de mobilização política para garantir os nossos direitos.
- Enfrentar as causas estruturais que originam a desigualdade social como a exploração, a dominação e a acumulação inerentes ao capitalismo e ao patriarcado.
- Visibilizar a violação cotidiana dos direitos humanos como o tráfico de pessoas, genocídio do povo negro e indígena, a discriminação pela orientação sexual e identidade de gênero entre outros.
Assinam esta Carta Compromisso:
– ABC – Associação do Bairro da Chapada
– ADCEA – Associação das Donas de Casa do Estado de Amazonas
– AKIM- Associação dos Índios Kokama residentes no Município de Manaus
– AMB – Articulação de Mulheres Brasileiras
– AMISM Associação de Mulheres Indígenas Sateré-Mawé
– ARCA – Articulação pela Convivência com a Amazônia
– CEBS – Comunidades Eclesiais de Base
– CIMI – Conselho Indigenista Missionário
– COIAB – Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira
– Conselho dos Leigos
– DANDARAS – Movimento das Mulheres Negras da Floresta
– Erva e Vida
– FPMM – Fórum Permanente das Mulheres de Manaus
– GAGER – Grupo alternativo de Geração de Renda
– IACI – Instituto Amazônico de Cidadania
– Instituto Eqüit – Gênero, Economia e Cidadania Global
– Instituto Ganga Zumba – Manaus
– Mani – Movimento de Mulheres da Amazônia, Núcleo Urucará
– Movimento Feminista Maria Sem Vergonha
– Movimento de Luta pela Moradia
– MMC – Movimento de Mulheres Camponesas
– Movimento de Mulheres Trabalhadoras
– MCVE – Movimento Comunitário Vida e Esperança
– UNMP – União Nacional por Moradia Popular
– MUSAS – Movimento de Mulheres Solidárias do Amazonas
– Rede Grito pela Vida
– CRB – Conferência dos Religiosos e Religiosas do Brasil
– REPAM – Rede Eclesial Pan Amazônica
– SARES – Serviço Amazônico de Ação, Reflexão e Educação Socioambiental
– SECOYA – Associação Serviço e Cooperação com o Povo Yanomami
– SME – Sociedade Missões Estrangeiras
– OIMBP – Organização Indígena do Médio e Baixo Purus
– PO – Pastoral Operária
– PLP – Promotoras Legais Populares
– Professores, professoras e Estudantes da FAMETRO – Faculdade Metropolitana de Manaus
– Professores, professoras e Estudantes da UEA – Universidade do Estado do Amazonas
– Professores e professoras e Estudantes da UFAM – Universidade Federal do Amazonas
– Professores e professoras e Estudantes da UNINORTE – Centro Universitário do Norte
– Professores e professoras e Estudantes da UNIP – Universidade Paulista
– Professoras do Centro Universitário NILTON LINS
– UMIAB – União das Mulheres Indígenas da Amazônia Brasileira
NOSSAS LUTAS SÃO MAIS FORTES E TÊM MAIS SENTIDO QUANDO ESTAMOS UNIDOS.
TODOS E TODAS VAMOS AO CHAMADO DA FLORESTA!