As responsabilidades que não são nossas

Fospa Colombia
Fospa Colombia febrero 26, 2016
Updated 2023/02/21 at 12:00 PM

Dejamos aquí artículo de Guillherme Carvalho, compañero brasilero, parte del Grupo Sectorial de investigadores del FSPA, comentando sobre los riesgos de la coyuntura política en Brasil, uno de los países con mayor territorio amazónico.

 quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016
Sejamos sinceros: a oposição partidária de viés conservador não teria tamanho poder de influência no Brasil se não fosse a mídia corporativa. Tal oposição não tem base popular justamente porque não possui qualquer compromisso com a superação das históricas desigualdades que nos assolam. Por incrível que pareça o único partido que rumava para se tornar socialdemocrata era o PT, mas os caminhos seguidos por este podem não levá-lo nem a isso. As empresas de comunicação se constituíram no intelectual orgânico do fascismo made in Brasil. Elas pautam a agenda política nacional e definem as estratégias que serão adotadas em diferentes espaços de poder, particularmente no Congresso Nacional. Sem essa mídia PSDB, DEM, Solidariedade, PTB e outros estariam em maus lençóis. O PSDB, por exemplo, pode ser comparado a um quarto escuro com pessoas armadas de faca. Ninguém confia em ninguém e ao mais leve contato haverá ao menos um morto ou ferido.
A mídia corporativa se tornou uma máfia corporativa, cujos métodos para eliminar seus adversários matariam de inveja Al Capone. Ocorre que essa mesma mídia também se engalfinha e apresenta rachas internos por conta de distintos interesses comerciais, políticos e ideológicos em jogo. Exemplo disso é o conflito instalado entre a Globo e canais religiosos de diversas denominações (muitos pentecostais) pela audiência. Além disso, a internet tem contribuído ao crescente sangramento das TVs abertas, fazendo com que a troca de jabes, diretos e cruzados entre elas atinjam, inclusive, as partes sensíveis dos adversários.
O problema é que numa débil democracia como a nossa a ação da máfia corporativa contribui para aprofundar o definhamento das instituições e aumentar a descrença das pessoas na política. Aliás, a despolitização das política é parte constitutiva da estratégia de neoliberais e seus aliados para manterem-se no controle do Estado e avançarem sobre outros espaços de exercício do poder. Contudo, é preciso ressaltar também o papel desestruturante executado pelo PT para o sucesso desse empreendimento. Este levou a esquerda brasileira a uma situação muito difícil por conta da sua adesão voluntária às velhas e corruptas práticas para se manter no poder.
Enfrentamos os mesmos problemas estruturais da época em que se instalou a ditadura civil-militar no nosso país: não houve reforma agrária, não se distribuiu a riqueza, os meios de comunicação não foram democratizados e o poder continua concentrado, talvez como nunca antes na história do Brasil; e num planeta cada vez mais globalizado, onde o poder das transnacionais se tornou extremamente perigoso à nossa própria sobrevivência enquanto espécie. Estamos falando de 52 anos. Não é pouco. Quanto tempo até a retomada do vigor massivo da luta pela esquerda? Não é possível dizer. Mas a história é um livro em aberto…
Guillherme Carvalho
Fuente: https://www.forosocialpanamazonico.com/wp-admin/post-new.php
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