O estado de emergência na Amazônia brasileira se agrava ainda mais com a aproximação das eleições presidenciais. Nas últimas duas semanas, sete indígenas das etnias Guarani Kaiowá, Pataxó e Guajajara foram brutalmente assassinados. Em estados como Pará, Maranhão, Tocantins, se intensifica a invasão dos territórios indígenas por grileiros, madeireiros e garimpeiros. A violência não atinge apenas os Povos Originários. No município de Novo Progresso, no Pará, a plantação de um assentamento de trabalhadores rurais foi completamente incendiada por pistoleiros. A precarização e desvalorização da vida irradia pelo tecido social e pela teia da Natureza, envolvendo também a explosão dos incêndios e do desmatamento, o aumento da insegurança alimentar, a deterioração das condições sanitárias e a crescente insustentabilidade das condições dos Povos Amazônicos.
A multiplicação dos ataques tem dois motivos estreitamente ligados. O primeiro é disseminar o medo para quebrar a mobilização social e afastar as pessoas das urnas. O segundo é que os setores mais predadores do agronegócio, indústria da madeira e mineração não se conformam que o enorme ativo representado por milhares de hectares de terras amazônicas esteja sob o controle de Povos Indígenas, Camponeses, Quilombolas e Comunidades Tradicionais. Para eles, o terror serve ao mesmo tempo para se apossarem de terras cobiçadas e para facilitar a vitória eleitoral do atual presidente, que promete, para o seu segundo mandato, a liquidação dos territórios dos povos e a entrega da natureza amazônica para a exploração econômica sem limites.
O atual presidente revela, mais do que nunca, a face monstruosa de sua política, se assumindo abertamente como um inimigo da Amazônia e dos povos que são seus defensores. Nas próximas eleições de outubro, derrotar Bolsonaro é imperioso. Retirá- lo da presidência do Brasil, fundamental. Mas preservar a Floresta é uma necessidade vital para a estabilidade do clima do planeta; derrotar Bolsonaro é uma tarefa colocada para toda a Humanidade.
É evidente que mesmo sem Bolsonaro no governo, a luta pela defesa da Amazônia e seus povos prosseguirá árdua. O bolsonarismo não será desmontado em uma eleição. Mas, sem dúvida, o risco de uma destruição massiva será afastado do horizonte imediato. E as condições de luta dos povos e dos movimentos sociais se tornarão muito melhores do que hoje.
Apelamos a nossas amigas e amigos do mundo inteiro para que nos ajudem a impor esta derrota ao projeto de destruição de povos e saque da Natureza – etnocídio e ecocídio – da extrema direita brasileira e de seus aliados internacionais.
Bacia Amazônica. 26 de setembro de 2022.
Coordinadora de Organizaciones Indígenas de la Cuenca Amazónica COICA
Foro Social Panamazónico FOSPA
Asamblea Mundial por la Amazonía AMA
O-Estado-de-Emergência-na-Amazônia-Brasileira